Lacônica a postagem de ontem. Subitamente perdi a vontade de escrever. Vou detalhar melhor agora que a inspiração retornou (ou seja, quando eu deveria estar dormindo). A origem de tudo na verdade é o medo. Não a origem do universo e tudo mais. Mas a origem de tudo que está acontecendo comigo atualmente. Veja bem, estou me formando. Conhecidamente a hora do cagaço frente ao mundo adulto. Ao mesmo tempo estudarei mais um ano, isto é, estou preso nesta cidade, nesta universidade, nesta vida por mais um ano. O que no fim quer dizer que tenho todas as desvantagens de ser formado, somado com as desvantagens de ainda ser universitário. É ou não é uma situação desprezível?
Então tinha resolvido me resolver. Sair caçando emprego (como exposto posts abaixo). Mas na hora H me bateu uma depressão. Coisa de pia mimado. Até tirei a barba, mas não consegui cortar o cabelo e ir lá atrás do emprego. Meus pais pedem minha volta pra minha cidade natal. Seria mais fácil. Mas seria também vergonhoso. Acho que é meio que aceitar uma derrota. Retroceder. Então esqueci tudo isso e aproveitei enquanto há restos de meu último salário e fizemos uma extravagância. Somos glutões. Gostamos de comer, e de comer bem e de comer muito. Tem um restaurante aqui perto especializado em peixes e frutos do mar. Somos birutas por peixes e frutos do mar. E eu estava devendo à ela um presente em nome de minha mãe e também pelo nosso quase fim, e pela minha quedinha pela psicóloga-tonta-rockeirinha-marxista do vestibular. Enfim.
Então, ao invés de eu ir aprumado ser entrevistado e dizer minhas qualificações para o emprego de garçom, fomos à um restaurante mais caro do que estamos acostumados (mas que tem o trunfo de não ser metido a besta), comer o prato que adoramos. E fomos muito bem atendido pelo garçom de lá. E resolvemos dar gorjeta para ele. 10%. Nunca tinha feito isso, sabia nem como me portar. Enfim, não estou dizendo isso pela ostentação. O que aliás, acho ridículo. Mas por que disso tudo fica o medo. De quando e se vou voltar a comer um prato desse. Se eu deveria voltar a comer um prato desse. Do que vou me sujeitar a fazer comigo e com os outros para poder comer um prato desse. Se o garçom alguma vez comeu um prato desse. Desse dia em particular, nesse momento sensível de minha vida fica a incerteza. E é claro, a ironia.
Então, ao invés de eu ir aprumado ser entrevistado e dizer minhas qualificações para o emprego de garçom, fomos à um restaurante mais caro do que estamos acostumados (mas que tem o trunfo de não ser metido a besta), comer o prato que adoramos. E fomos muito bem atendido pelo garçom de lá. E resolvemos dar gorjeta para ele. 10%. Nunca tinha feito isso, sabia nem como me portar. Enfim, não estou dizendo isso pela ostentação. O que aliás, acho ridículo. Mas por que disso tudo fica o medo. De quando e se vou voltar a comer um prato desse. Se eu deveria voltar a comer um prato desse. Do que vou me sujeitar a fazer comigo e com os outros para poder comer um prato desse. Se o garçom alguma vez comeu um prato desse. Desse dia em particular, nesse momento sensível de minha vida fica a incerteza. E é claro, a ironia.
P.S: Falando em ostentação, hoje eu assisti este documentário. Tento ser libertário. Tento suprimir meus gostos de classe média e admirar as manifestações artísticas populares, mas esse negócio de funk ostentação não desce. Aceito o argumento da auto-estima da periferia. Mas não dá pra fazer isso sem enaltecer marcas e promover o consumismo? Os Racionais são fera nisso. A presença de palco deles é foda, as letras são conscientes e promovem essa alardeada auto-estima do funk ostentação sem a palhaçada pró-consumo. Quer dizer, as vezes acabam caindo nisso, mas pelo menos se mostram meio em conflito.
"O que/ toma uma taça de champagne também curte/ desbaratinado tubaína tutti-frutti"
"O que/ toma uma taça de champagne também curte/ desbaratinado tubaína tutti-frutti"
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